Dois generais e mais de 40 soldados presos por acusações de golpe no Mali
Pelo menos 45 soldados malineses, incluindo dois generais, foram presos no fim de semana por tentativas de "desestabilizar as instituições" no país do Sahel.
Entre os presos estava o General Abass Dembele, ex-governador da região central de Mopti, que é popular entre as fileiras do exército.
Soldados prenderam Debele na manhã de domingo nos arredores da capital, Bamako, sem explicar os motivos de sua apreensão, disse uma fonte próxima ao general.
Nema Sagara, general de brigada da Força Aérea, também foi presa. Ela é uma das poucas mulheres de alta patente no exército malinês.
"Todos são soldados. O objetivo deles era derrubar a junta", disse o parlamentar.
A ascensão da junta militar do Mali
Após oito anos de relativa estabilidade política no Mali, um grupo de soldados malineses invadiu Bamako em agosto de 2020 e deteve o então presidente, Aboubakar Keita.
O golpe de Estado ocorreu após semanas de protestos contra Keita, acusado de não combater grupos islâmicos violentos que travavam uma rebelião armada no Norte. A nova junta militar prometeu lidar com o problema rapidamente.
Divisões internas no novo governo levaram a um segundo golpe em maio de 2021, resultando na ascensão do Coronel Assimi Goïta à presidência do Mali. Cargo que ele ocupa desde então.
Ataques jihadistas e repressão política alimentam o descontentamento
Após o golpe de 2020, a junta malinesa, liderada por Goïta, prometeu realizar eleições em 18 meses. Até o momento, nenhuma votação foi realizada, com o governo adiando recentemente a votação para 2027.
Enquanto isso, os ataques jihadistas têm aumentado. De acordo com o Armed Conflict Location and Event Data (ACLED), no primeiro semestre de 2024, grupos islâmicos mataram um recorde de 7.620 pessoas no Sahel.
Recentemente, o grupo armado Jama'a Nusrat ul-Islam wa al-Muslimin, ou JNIM, matou mais de 30 soldados em uma base militar em Boulkessi, no centro do Mali, em 1º de junho.
Diante dos ataques, a junta intensificou a repressão aos dissidentes políticos. Em maio, o presidente Goïta dissolveu todos os partidos e organizações políticas no Mali, o que desencadeou protestos generalizados.
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