Três camponeses decapitados por terroristas em Cabo Delgado
Três camponeses foram decapitados por alegados terroristas em Metuge, Cabo Delgado, quando trabalhavam nos campos. O ataque, com sete sobreviventes, insere-se na onda de violência que assola a província desde 2017.
Pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos no norte de Moçambique em 2024, um aumento de 36% face ao ano anterior
Pelo três camponeses foram decapitados por alegados terroristas no distrito de Metuge, na província moçambicana de Cabo Delgado, disseram hoje à Lusa fontes locais.
"Mataram três pessoas, uma foi decapitada na sua machamba [campo agrícola] e outras estavam a cortar bambus", disse uma fonte local a partir de Metuge, após escapar dos rebeldes.
Os rebeldes atacaram um grupo de 10 camponeses na sexta-feira (15.08), durante o dia, enquanto colhia cereais e cortava bambus, na zona de produção de Nampipi, a cerca de 50 quilómetros da sede de Metuge, Moçambique.
Do grupo, sete pessoas conseguiram escapar e as restantes três foram decapitadas. O enterro foi realizado hoje pelas Forças de Defesa moçambicanas. "Foram hoje enterrar os corpos, foi lá uma força conjunta" disse a fonte. "O meu tio está aqui na minha casa, fugiu e está a vender a comida dele", disse uma outra fonte, também a partir de Metuge.
Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.
Reforço da narrativa extremista para conquistar apoio?
A nova onda de ataques, sobretudo no distrito de Chiúre, a partir da última semana de julho, provocou mais de 57.000 deslocados, segundo organizações no terreno.
De acordo com o mais recente relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM), com dados de 20 de julho a 03 de agosto, "a escalada de ataques e o crescente medo de violência" por parte de grupos armados não estatais nos distritos de Muidumbe, Ancuabe e Chiúre levaram ao deslocamento de 57.034 pessoas, num total de 13.343 famílias.
O ministro da Defesa Nacional admitiu no final de julho preocupação com a onda de novos ataques em Cabo Delgado, adiantando que as forças de defesa estão no terreno a perseguir os rebeldes armados.
"Como força de segurança não estamos satisfeitos com o estado atual, tendo em conta que os terroristas nos últimos dias tiveram acesso às zonas mais distantes do centro de gravidade que nós assinalámos", disse Cristóvão Chume, aos jornalistas.
Pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos no norte de Moçambique em 2024, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo um estudo divulgado em fevereiro pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS).
Dw
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